Ao ler Fahrenheit 541, só consegui pensar, caramba, como somos pequenos se comparados a infinidade do universo...Fahrenheit 541 é uma distopia em que livros são proibidos, e bombeiros, queimam casas ao invés de salvá-las. Porém, temos um dos bombeiros, o personagem que irá nos guiar pela trama, que não se sente conformado com aquela situação, pois, para ele, Shakespeare, era um grande modelo se tratando de romances, a bíblia, pautava sua moral e a palavra de Deus e de Jesus Cristo eram seus alicerces morais e humanos... mas nem isso era permitido ler mais.
E lendo a história, pensei em como somos balizados por preceitos e comportamentos que trouxemos de nossos antepassados, e de como cada uma dessas pessoas foi marcada por alguém que veio antes dela, e como as marcas dela, forjaram quem somos hoje, e como quem somos hoje, moldará a sociedade de amanhã.
Talvez você precise ler a obra para entender o que eu quero dizer com isso, mas o nosso protagonista não conheceu os pais, e sua personalidade é formada por coisas que ele leu e pessoas que conheceu. Os livros começaram a ser queimados quando ele ainda era jovem, mas mesmo adulto, o personagem lembra de Eclesiastes, há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de colher.
Sigo sem saber se consegui fazer você entender a importância que você tem no mundo. Talvez, não escreva um livro que será queimado em uma sociedade, mas você marcará a vida de muitas pessoas.
Aqui, deixo um trecho da história, algo que eu poderia ter feito antes e não ter feito você tentar me entender. Mas eu quis deixar a minha marca para você, e ao ler o trecho a seguir, você vai entender o porquê.
“Todos devem deixar algo para trás ao fim da vida, um filho, um livro, um quadro, uma casa ou parede construída, um par de sapatos. Ou um jardim. Algo que sua mão tenha tocado de algum modo, para que sua alma tenha para onde ir. E quando as pessoas olharem para aquela árvore ou aquela flor que você plantou, você estará ali. Não importa o que você faça, desde que você transforme alguma coisa, do jeito que era antes de você tocá-la, em algo que é como você depois que suas mãos passaram por ela. A diferença entre o homem que apenas apara gramados e um verdadeiro jardineiro está no toque, dizia ele. O aparador de grama podia muito bem não ter estado ali; o jardineiro estará lá durante uma vida inteira.”
Ray Bradbury – 1953
Então, lembre-se sempre, somos marcantes, de uma forma ou outra, como jardineiros ou como aparadores, cabe a nós, escolhermos estar lá a vida toda, ou nunca ter estado lá.