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Produtores de Leite de Santo Antônio das Missões formarão associação
21/12/2019 10:32
Foto: (Foto: Reprodução | Internet)

André Oliveira, engenheiro agrônomo e Mariéli Brem, extensionista rural, integrantes da Emater de Santo Antônio das Missões concederam entrevista ao Grupo Fronteira Missões e falaram sobre a produção leiteira em Santo Antônio das Missões, as atividades do Grupo de Produtores de Leite e a legalização de uma associação.

André conta que o Grupo de Produtores de Leite foi iniciado em abril de 2017, e esse grupo tem se consolidado na atividade de produção de leite e tem visto a produção como alternativa para geração de renda e incremento da produção social das famílias, mesmo que no município nos últimos anos tenha sido registrado uma queda brusca no número de produtores de leite em função das novas exigências da indústria, também em função da variação e oscilação do preço do leite, e sem ter essa garantia de preço muitos desistiram da produção.

André detalhou que a redução do número de produtores de leite do município também está vinculada às novas exigências e outros fatores, mas que a quantidade produtiva se manteve e ficaram os produtores que realmente estão dedicados a esta produção, de se profissionalizar naquilo, pois as exigências requerem conhecimento e técnica, é necessário aprender, aplicar o conhecimento técnico no dia a dia, como por exemplo, o tempo que a vaca vai ficar na pastagem, a disponibilidade de uma ração balanceada, como deve ser a questão de higiene na ordenha, ou seja, o produtor de leite tem de ser um empresário, ter um conhecimento amplo.

Hoje se tem em torno de 20 famílias que ainda produzem leite para indústria e, dessas famílias, 15 buscaram se reunir e formar uma associação. Para isso, a Emater vem realizando reuniões desde 2017 com o grupo, sempre em parceria com a Coopatrigo, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Secretaria da Agricultura, ou seja, um trabalho junto às famílias de produtores de leite e é algo que tem contribuído para o grupo porque cada reunião ocorre em uma propriedade, momentos em que são discutidas a parte técnica e ações da prática, conversar sobre assuntos inerentes à produção de leite, e essa troca de informações entre os produtores têm sido muito útil, mas o principal objetivo da legalização da associação é para que esse grupo possa acessar mais recursos e políticas públicas.

Mariéli disse que o grupo tem um diferencial porque essa construção partiu dos produtores, nada foi imposto, foi uma conversa e partiu da união das famílias, e com essa longa caminhada de dois anos, agora os produtores se sentiram seguros para fazer uma associação, e com isso irão buscar melhorar e se aperfeiçoar na produção de leite, que é algo que gera renda todos os meses. Destaca que para eles, Emater, é uma satisfação ver a evolução do grupo, porque estão buscando ampliar e qualificar a produção, através do conhecimento e de busca de alguns recursos e agora a associação, e frente a isso, já está pensando em fazer outros tipos de ações sociais, trabalhando com alternativas na produção de leite através de ervas medicinais, primando tanto a saúde dos agricultores, quanto dos animais e uma produção de leite mais limpa.

Questionados sobre as atividades que foram desenvolvidas ao longo dos dois anos do grupo, André ressalta que são inúmeras, mas exemplificando, conta sobre a última reunião realizada na propriedade de Estefano Woschinski, no Rincão do Umbú, onde participou o médico veterinário de Emater, Jorge Lunardi, abordando sobre plantas bioativas, plantas medicinais para o controle de pragas e doenças que acometem o rebanho, ou seja, o uso para controlar o carrapato, mosca do chifre, problemas reprodutivos das vacas, problemas de descalcificação, problemas digestivos, mas além disso, em outros momentos abordaram sobre as questões de higiene na ordenha, questão de pastagens e melhoramento de solo, irrigação, piqueteamento, fenação, ou seja, cada mês um assunto é escolhido pelo próprio grupo.

André conta que na última reunião também discutiram sobre a documentação para regularizar a associação e foi criada uma diretoria provisória. No dia 16, essa diretoria provisória irá se reunir para fazer um esboço do estatuto social para depois apresentar na próxima reunião, prevista para janeiro, e então irão lançar nos órgãos impressos uma convocação por uma assembleia de fundação, onde será feita uma ata de fundação da associação e a partir disso serão juntados os documentos, sendo a ata, dados da diretoria eleita e sócios fundadores vão ao cartório de registro para regularizar a associação, depois disso, é encaminhado no escritório de contabilidade onde se fará o CNPJ para estar regularizada.

Mariéli complementou dizendo que a valorização das famílias produtoras acontece quando as reuniões são nas propriedades, porque assim eles podem mostrar um pouco do sistema produtivo deles, pois mesmo sendo no mesmo município, as formas de cada família trabalhar com a pecuária leiteira são diferentes, e se vê o brilho no olhar dos produtores mesmo com a dificuldade do preço, com dificuldades de infraestrutura onde algumas vezes acontece muita chuva e o caminhão não consegue entrar nas propriedades para coletar o leite, eles ainda trabalham com leite por amor, estão trabalhando todos os dias para buscar o sustento da família e quando recebem os demais, sempre eles fazem questão de servir um lanche porque querem acolher bem os outros produtores.

Dentre as conquistas do grupo está o Conselho Municipal Agropecuário, recursos via Secretaria de Desenvolvimento Rural no valor de R$ 71.000,00, recursos do Feaper, um fundo do Estado onde os as famílias pagam 20% somente do recurso oferecido e deve ser destinado para melhorias nos sistemas produtivos, onde alguns adquiriram geradores, outros carretões para carregar material de forragem, ou sistemas de irrigação de pastagens e também foi realizado a construção de açudes onde algumas famílias produtoras de leite foram contempladas.

 

Fonte: Grupo Fronteira Missões

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