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Delegado conta sobre trabalho desenvolvido pela Polícia Civil
12/12/2019 16:02
Foto: (Foto: Eliara Cruz/ Arquivo GFM)

Afonso Stangerlin, delegado de Polícia Civil, concedeu entrevista ao Grupo Fronteira Missões e comentou sobre os 178 anos da Polícia Civil, ponderando que são poucos os órgãos ou instituições que têm essa longevidade e a mesma é comemorada com orgulho e com muito trabalho, também agradeceu esse momento em que a Polícia desfruta junto à comunidade do respeito e admiração que a população devota a uma instituição que como o lema diz “servir e proteger”.

Afonso também falou sobre o trabalho de um delegado e contou sobre a sua carreira, dizendo que era advogado da Caixa Econômica Federal e estava fazendo concursos para testar o que estudava, então fez concurso para Juiz,

Promotor e Delegado, e passou nos três. Escolheu o de Delegado e resolveu entrar na academia por curiosidade. Conta ainda que na época a ideia era estudar uns três anos e sair, mas por fim acabou gostando do trabalho, teve muitos momentos difíceis financeiramente, pois a remuneração era baixa.

Destaca que quando perguntam se não acha ruim trabalhar com “bandidos”, ele explica que não trabalha com bandidos, e sim, olha sua profissão como proteção às vítimas, e essa ideia de que os delegados vivem se envolvendo com pessoas desregradas e más, na verdade para cada pessoa dessas existem dez que são honestas, que ajudam e isso dá um conforto e sensação de dever cumprido.

Questionado sobre como trabalha as questões emocionais dentro da carreira, disse focar na parte de ajuda a comunidade, pois muitos crimes deixam as pessoas perplexas e abaladas, e se questiona o porquê, e isso vai abalando, mas sendo delegado também se é ser humano, e daí é preciso prestar um conforto para a família, visto que a lei e a justiça existem, e essa sensação de servir recompensa, recupera e o recarrega de energia para seguir trabalhando.

Afonso traz alguns fatos marcantes da carreira, dizendo que em Santo Antônio das Missões mesmo teve vários, bons, pitorescos e terríveis, bem como se lembrou de um feminicídio em Roque Gonzales há cerca de 15 anos, onde um homem assassinou uma mulher na frente da filha e aquilo o abalou e deixou pensando que depois de anos sofrendo e na hora que encontra forças para se libertar, aconteceu isso, isso o abalou de forma pessoalizada.

O delegado conta que o equilíbrio e a impessoalidade são os principais fatores que contribuem para desempenhar um bom trabalho, porque jamais um profissional da polícia, especialmente delegado, não consegue desenvolver sua função se estiver emocionalmente envolvido. Afonso disse que isso não quer dizer que não podem olhar a situação a qual está investigando e se envolver, o que não pode é ter um relacionamento com qualquer das partes.

Ao ser perguntado como avalia o trabalho da polícia na região, ele disse que, a nível estadual, estamos evoluindo, porque embora estejam com pouco efetivo, o nível de trabalho, especialmente pelos agentes policiais, se tem um trabalho primoroso, e ainda se tem um reforço da Draco de São Luiz Gonzaga, pois se trabalha junto com todas as delegacias e se tem resultados fantásticos.

Ele ponderou que se estivesse no comando da Polícia Civil, e tendo que trabalhar na situação que o órgão está hoje, não se tem muito mais a melhorar, e sim corrigir alguns rumos e ressaltou que, pessoalmente, entende que qualquer cidade deveria ter delegacia, independente do porte, então distribuiria melhor os polícias, ou seja, o Estado tem cerca de 250 delegacias pequenas, deixando dois polícias em cada uma, com 500 profissionais resolveria a demanda e outra ação seria incluir mais pessoas no órgão.

Outra temática abordada pelo profissional foi o grande número de mulheres na Polícia Civil, contando que durante sete anos que trabalhou em Porto Xavier, o trabalho desenvolvido contava com oito mulheres e não há diferença, e que ao olhar se pode achar que pela coragem o homem pode ter mais enfrentamento, mas isso na prática não acontece, e isso está comprovado, pois hoje se tem 50% de mulheres na Polícia e isso demonstra o bom preparo e a emancipação das mulheres.

Afonso disse ter percebido uma maior aproximação das comunidades com a polícia, e o fato da comunidade confiar na Polícia Civil, de vir para dentro da delegacia e vê-la como uma casa do povo, manter boas relações, é fantástico.

Com a chegada do final de ano, avalia que neste ano foi realizado um trabalho de enfrentamento muito bom, mesmo estando somente com dois agentes. Ponderou que neste ano receberam mais um agente e estará trabalhando para sensibilizar a chefia da Polícia Civil para transformar o estágio de nível médio em nível superior para aproveitar os estudantes de direito, administração ou contábeis, e aprimorar o trabalho deles e da delegacia, bem como estará buscando um delegado titular para o município, já que em breve devem ingressar 50 novos delegados, mesmo que isso seja difícil, porque a carência em outras regiões é bem maior, assim como estará buscando novos agentes.
 

Autor: Jéssica Ourique

Fonte: Grupo Fronteira Missões

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