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Técnico falou sobre condições de produção de arroz na região e RS
01/11/2019 16:34
Foto: (Foto: Ilustrativa | Reprodução | Internet)

Na última semana, Roger Portela, técnico orizícola do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA) e atuante no do 8º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) concedeu entrevista ao Grupo Fronteira Missões e falou sobre a safra de arroz no Estado do Rio Grande do Sul. A safra 2019/2020 teve o início de semeadura em meados do mês de setembro e hoje se apresenta um avançar de semeadura de em torno de 47% no Rio Grande do Sul e segundo Roger, este é um número que os deixa preocupados por ser baixo perante a safra anterior.

Falando especificamente da Fronteira Oeste e o avançar de semeadura na região, a mesma tem um percentual bem significativo de área semeada, em torno de 75% da área, e explicou que o fato de não se ter um índice mais alto é em virtude das chuvas que foram registradas no mês de outubro e este também é um dos fatores determinantes para a opção de semear no cedo, principalmente, em setembro.

Sobre as condições das lavouras que estão sendo semeadas, Roger explicou que em torno de 5% dessa área já recebeu os tratos culturais, a ureia, o nitrogênio, a questão dos herbicidas e a entrada de água e o restante dos 95% estão esperando uma janela sem chuva para que possa ser feito os tratos culturais e assim dar andamento nas lavouras, enquanto outros produtores aguardam uma janela de semeadura para que se possa concluir os plantios dentro da época indicada que é até 15 de novembro.

Questionado sobre as preocupações dos arrozeiros para safra 2019/2020, o técnico comenta são as questões de “porteira para fora”, dizendo que os produtores são extremamente eficientes a nível de produção, porém os custos de produção estão extremamente altos, pois custa em torno de R$ 7.200,00 por hectare e comparado com outras culturas é muito alto, bem como, a cada saco produzido hoje se tem um custo de R$ 47,00 e o que se consegue na comercialização, é um valor em torno de R$ 40,00, havendo um déficit muito significativo.

Quanto a expectativa do 8ª Nate para esta safra, que atende a região, inclusive Santo Antônio das Missões, se tem um índice menor que a Fronteira Oeste em questão de semeadura, estando com cerca de 56% da área semeada e a expectativa é que o restante da área receba a semeadura até 15 de novembro, pois os produtores já estão com as áreas prontas, só estão esperando acalmar as condições de chuva, para entrarem nas áreas e realizar o plantio. Em relação à safra como um todo, as expectativas são boas, pois as condições climáticas para frente são de maior luminosidade que anos anteriores, uma probabilidade menor de enchentes, que é um fator que prejudica bastante.

Referente à redução de área cultivada de arroz no Rio Grande do Sul, Roger disse que vem acontecendo a alguma safras e ressaltou que não diminuiu a questão de produtividade, pelo contrário, vem aumentando a eficiência de produtividade. Ele fez um comparativo dizendo que em 2002, se tinha um indicador de cinco mil quilos por hectare e hoje está se passando de oito mil quilos, contudo se vem notando que mesmo aumentando a eficiência dos produtores se sofre muito com a crise econômica do setor, questões de custo de produção altíssimos, comercialização complicada e a falta de políticas públicas e isso acabou acarretando uma redução drástica de área ano após ano.

Comentou ainda que um dado ainda mais alarmante, é redução de número de produtores, para se ter uma noção, comparando a safra 2004/2005 e a safra 2018/2019, se teve quase 50% dos produtores de arroz do Estado saindo da atividade e, quase todos por questões de comercialização e rentabilidade da lavoura. Portanto, outro cenário que os preocupa é o cenário social dos municípios arrozeiros, pois com a desistência dos produtores do segmento produtivo, ocorre uma aglomeração social de pessoas que vão para as cidade, ou seja, quando as lavouras de arroz deixam de existir, geralmente, se passa para soja, e a mão de obra é diferente e isso acaba em pessoas desempregadas e em sua grande maioria vão residir na cidade, aí sendo pessoas semi-analfabeta ou até analfabetas com idades avançadas, o mercado de trabalho não absorve, sem falar que o próprio mercado de trabalho na zona urbana também está em colapso.

 

Autor: Jéssica Ouique

Fonte: Grupo Fronteira Missões

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