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Depoimento de Lula a Moro nesta quarta-feira mobiliza Curitiba
10/05/2017 08:10
Foto: Operação envolvendo de 600 a 800 policiais foi montada para garantir segurança na cidade (Foto: Fábio Schaffner / Agencia RBS)

Duas vezes presidente da República, período em que acumulou índices recordes de aprovação popular, Luiz Inácio Lula da Silva irá se sentar no banco dos réus nesta quarta-feira em Curitiba para responder à acusação de corrupção e lavagem de dinheiro da força-tarefa da Lava-Jato, na qual é descrito como "comandante máximo" de um esquema de corrupção que instalou uma "propinocracia" no país. Diante dele, numa acanhada sala da 13ª Vara Federal de Curitiba, estará o juiz Sergio Moro, aclamado por boa parte da população como herói nacional após condenar 90 pessoas envolvidas em desvios de recursos da Petrobras.

 
O primeiro encontro entre os principais personagens da operação é aguardado com expectativa país afora. Tido como implacável, Moro condenou a maioria dos acusados em três anos de investigações. Terá a sua frente um político que mobiliza multidões e diz não haver "viva alma mais honesta" do que ele no país. O depoimento de Lula faz parte do processo que trata especificamente da propriedade de um apartamento triplex no Guarujá, litoral paulista.
 
Cerca de 50 mil pessoas são esperadas para acompanhar o depoimento. A Secretaria de Segurança deve empregar até 800 homens no esquema de segurança, um aparato poucas vezes visto na cidade e superior ao empregado nos jogos da Copa do Mundo em 2014. Uma decisão da juíza Diele Denardin Zydek proibiu acampamentos em ruas e praças de Curitiba — nas redes sociais, ela se manifestou contra petistas no passado e nesta semana apagou seu perfil.
 
As reuniões preparatórias contaram com representantes das polícias civil, militar, federal, rodoviária federal e até mesmo do Exército. Agentes da Agência Brasileira de Inteligência também foram mobilizados. O prédio da Justiça Federal será isolado e guarnecido por 15 membros da própria corporação, além de policiais federais requisitados especialmente para a operação. Lá dentro, irão acompanhar a movimentação por meio de 97 câmeras de segurança.
 
Até o final da tarde de terça-feira, dezenas de ônibus já haviam chegado à cidade, a maioria transportando integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os veículos foram revistados pela Polícia Militar, que apreendeu facas, facões e foices, e depois direcionados para um terreno situado atrás da Rodoferroviária. No local, há 3 mil sem-terra acampados. Nesta quarta, eles pretendem marchar até o centro, onde um ato público irá afiançar apoio a Lula.
 
— Vamos passar o dia promovendo a Jornada da Democracia. Será um evento para denunciar a parcialidade do juiz Moro e prestar solidariedade a Lula — diz uma das organizadoras do ato, a presidente da CUT-PR, Regina Cruz.
 
Os ativistas anti-PT estão concentrados no Museu Oscar Niemeyer, a cerca de 1,5 quilômetro da sede da Justiça Federal. Em menor número, esperam reunir 10 mil pessoas. Um boneco inflável gigante com a imagem de Lula vestido de presidiário será instalado no local. Em várias casas e edifícios, há bandeiras do Brasil e faixas verde e amarela nas janelas. Também há outdoors com a frase: "Lula, Curitiba de espera de grades abertas".
 
— Queremos mostrar que Curitiba não é vermelha, Curitiba é verde e amarela e não tolera mais tanta roubalheira — afirma a professora Narli Resende, do movimento Curitiba Contra a Corrupção.
 
 

Fonte: Zero Hora

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