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Barranca de São Borja: Um festival de amizade, cultura e mágica
18/04/2017 11:57
Evento reuniu artistas durante a Semana Santa às margens do Rio Uruguai, composição que alcançou o terceiro lugar foi interpretada por santo-antoniense
Foto: Registro fotográfico de uma tertúlia (Foto: Felipe Goulart /Facebook )

A 46° edição do Festival de Barranca de São Borja foi realizada durante a Semana Santa às margens do Rio Uruguai, mais de trezentas pessoas participaram. Trata-se de um dos mais importantes festivais musicais do Rio Grande do Sul e é o único que acontece de forma ininterrupta desde a sua despretensiosa criação no ano de 1972, digo despretensiosa porque o seu nascimento ocorreu de forma espontânea em acampamento de pescaria entre amigos, faziam parte do grupo de pescadores nada menos que Aparício Silva Rillo, José Lewis Bicca, Antônio Augusto Fagundes, Carlos Castilhos entre outros.

A ideia de escolher um tema único para que compositores criassem obras no espaço de tempo de 24 horas teve início em São Borja, hoje muitos festivais adotaram essa regra e são chamados de festivais de barranca. Mas mesmo que isso pareça ser o que de mais surpreendente é nesses eventos, não é forma de competição que o torna mais especial, e sim o espírito de congraçamento e amizade.  

O ambiente é de integração porque ali se reúnem homens (e o festival se restringe ao gênero masculino) afeitos à música e à poesia que utilizam o festival para formar novas parcerias na criação das obras e compartilhar talentos nas tertúlias que ocorrem em grandes rodas de cantores e instrumentistas pelas sombras das árvores que embelezam a barranca do nosso grande Rio Uruguai, que belo e imponente parece ser o sentido de tanta magia. 

Neste ano o tema proposto na noite de sexta-feira, foi “harmonia”, os responsáveis por determinar o norte para as criações é a comissão da Barranca que em sua maioria é composta por Angüeras (membros do grupo de arte que organiza os festivais) e antigos barranqueiros. 30 composições foram inscritas, após a triagem 21 subiram ao palco na noite de sábado.

O festival guarda algumas peculiaridades que o diferem de outros festivais, até mesmo outros do mesmo gênero, um exemplo é que durante as apresentações das concorrentes é expressamente proibido rir ou conversar, esse fator faz com que as obras sejam melhor compreendidas.

Santo Antônio esteve representado por dois artistas, Canrobert Barcelos que já é um antigo barranqueiro e por mim, Rogerio Morais que estreei no festival da Barranca e embora sendo um escritor de letras, e esta foi a minha proposta ao rumar para a barranca, recebi um convite para interpretar uma obra de Silvio Genro, Dilson Weber e Flavio Sartori, aceitei, e ao pedir as bênçãos do velho Uruguai subi ao palco para defender “O que Harmoniza o Coração”, composição que ficou com o terceiro lugar. Junto no palco estavam Vantuir Caceres e Boca Costa. 

Poderia dizer que ao rumar para São Borja levei na bagagem a expectativa de representar bem minha terra e honrar o convite feito pelo meu padrinho Vantuir Caceres, ao voltar no domingo de páscoa trouxe uma mala cheia de cultura e novas amizades, e o espirito da barranca acaba por fazer parte da gente, e olhar o mundo de forma diferente é o que nos resta, pois ser barranqueiro tem muito a ver com respeito aos outros e a natureza, a honrar a amizade e deixar que a poesia fale por nós.

Resultado Barranca 2017:
1º Lugar – CATAVENTOS, com letra de Tadeu Martins e música de Lenin Nunes e João Bosco com Ângelo Franco de intérprete;
 
2º Lugar - VOLTANDO PRA TI, letra de Ângelo Franco, Chico Ventura e  Alexandre Bernardes e  música de Pirisca Grecco com a interpretação do próprio Pirisca Grecco;
 
3º Lugar - O QUE HARMONIZA O CORAÇÃO, Letra: Sílvio Genro e Dilson Weber, música de Flavio Campos Sartori e interpretação de Rogerio Morais.
 
Melhor Letra - ENCONTRO SAUDADE, Letra de Bodão e Nandico e música Bodão, Nandico e Pedro Ribas.
 
 
Rogerio e integrantes do Grupo de Arte Os  Angüeras (Foto: Vantuir Caceres)
 
Registro do local do evento, a beira do rio (Foto: Ita Cunha)
 
 

Autor: Rogerio Morais

Fonte: Grupo Fronteira Missões

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