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Marianita Ortaça: Comparação que te faz padecer
30/07/2020 14:14
Foto: (Foto: Arte | Eliara Cruz)

O que os sociólogos chamam de ansiedade de referência é a tendência que temos de nos equiparar com os ditos “fulanos e cicranos”, ou seja, as outras pessoas do nosso círculo de convivência. A maioria das pessoas julga sua vida e seus bens em comparação com os outros. Há um século, o sociólogo e economista americano Thorstein Veblen enfatizou que os bens são adquiridos tanto por razões de status quanto por motivos genuinamente materiais. (ANDREWS, 2011)

A autora do livro “a ciência de ser feliz” explica esse fenômeno citando várias pesquisas realizadas, por exemplo, o estudo que verificou que as pessoas procuram um salário que seja maior que do outro, vizinho, amigo, colega... ou seja, se os demais ganham um salário de dois mil dólares, você vai querer ganhar 3 mil. Se ele ganha 25 mil, você vai querer 50 mil.

Em suma, é tendência do ser humano dar mais importância à comparação social, ao status e à posição do que ao valor absoluto da conta bancária ou reputação.

Esse comparativo frequente e desenfreado acaba sabotando o indivíduo no meio do caminho da felicidade. Isso porque ao invés dele estar preocupado com seu interior e a busca por conquistas pessoais, individuais, absolutas, intimas, intrínsecas, ele está correndo atrás do lugar mais alto do pódio não por ele, mas para o outro não estar lá, ou porque o outro chegou lá e ele não pode ficar atrás.

Quando o vizinho compra uma nova casa, espaçosa, arejada, de frente para o mar, a sensação de fracasso é maior que a alegria pelo outro. Então, a partir disso se corre para alcançar uma casa no mínimo maior que aquela. Mas quando se consegue, essa casa grande e luxuosa já parece somente adequada, nada mais. Além do que, você sacrificou seu tempo e agora tem uma dívida significativa e um custo fixo para manter essa casa em perfeito estado. A ansiedade é tamanha que te faz se arrepender por ter a adquirido. Vleben chama isso de “comparações invejosas”, as casas ficam cada vez maiores, mas ninguém está se sentindo melhor com isso.

Consumismo, bens, disputadas por “quem tem mais”, está causando uma desenfreada corrida por consumir cada vez mais para manter um nível de felicidade que se esvai tão logo a euforia do momento passa. E o resultado disso é, simplesmente a infelicidade.

Tudo que estamos vivendo nesses tempos de pandemia, serve como uma “folga” mundial para as futilidades e o “ter”. Nos empurra a enxergar o que realmente importa na vida. Sejamos!

 

Autor: Marianita Ortaça

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