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Nuvem de gafanhotos traz alerta para a região Fronteira Oeste no RS
24/06/2020 15:38
Deputado federal e profissionais da Emater de Santo Antônio falam sobre o assunto
Foto: (Foto: Reprodução | Internet)

Muitas notícias circulam nos meios de comunicação tratando da nuvem de gafanhotos que está na Argentina e com indicações de adentrar no Brasil pela Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, então participou do programa Conversa Aberta desta quarta-feira, dia 24, os extensionistas da Emater de Santo Antônio das Missões, André Oliveira e Flávio Bonato, bem como, o deputado federal Jerônimo Goergen, os quais falaram sobre o assunto.

André explicou que esses insetos gostam de climas quentes e secos, e caso vier ocorrer o decréscimo da temperatura na região da Fronteira Oeste, possivelmente, a nuvem irá se dispersar ou perderá a sua força, mas detalhou ainda que não é somente o clima que vai definir se ela vai continuar ou para onde irá.

Descreveu que esses gafanhotos tem comportamento coletivo, são migratórios e toda a questão de estiagem criou uma alta temperatura e tempo seco, o que faz aumentar o nível de cerotonina, consequentemente, aumentando o apetite e as atividades sexuais do gafanhoto, isso faz aumentar a destruição dos ambientes que se instalam e a sua reprodução.

André comentou que a nuvem que está circulando se formou há cerca de 10 dias no Paraguai e tem crescido, chegando a aproximadamente a 10 km2 devido a sua grande reprodução, alguns dados apontam que os gafanhotos podem colocar até mil ovos por m2, o que significa que em cada km2 há 40 milhões de insetos. Além da grande reprodução, os gafanhotos também tem alta velocidade no deslocamento, cerca de 150 km por dia.

Flávio disse que a situação não é para pânico, apenas ficar em alerta, pois os órgãos estão acompanhando, monitorando e poderão agir se for necessário. Ressaltou que os gafanhotos chegando nesta época os prejuízos para os produtores não seriam tão grandes, pois, não é período de cultivo de soja e milho, porém, poderia sim afetar as hortaliças, pastagens, frutas, considerando que estes insetos se alimentam de vegetais. Quanto ao trigo, como está na fase inicial, este poderia rebrotar e a produção não seria tão prejudicada.

O extensionista ainda destacou que esse inseto tem o seu salto vinte vezes mais que o seu tamanho, isso dá uma ideia da sua velocidade de deslocamento, consome muito, porque cerca de 45 milhões de gafanhotos comem o equivalente o que consome 20 vacas por hectare.

O deputado Jerônimo falou sobre a união da aviação agrícola para auxiliar os produtores para agir no combate aos gafanhotos, se necessário, e ponderou que o auxílio da aviação, empresas e Ministério da Agricultura já tem uma estratégia montada para contra atacar os insetos, o que ocorreria com algum inseticidas através de uma cortina na entrada na nuvem, assim como, algum sobrevoo na nuvem, considerando que ela é alta.

Flávio comentou que essa estratégia do uso de inseticidas é uma estratégia que depende de tempo, pois, precisa-se de receituário agronômico, fazer a compra, preparar a calda e ficar prontos para serem usados, por isso, acredita que os profissionais devem estar bem preparados, até porque tem a questão da deriva do vento, altura da nuvem, o local, devido aos humanos, mas o produto a ser utilizado, possivelmente, deve ser algum já utilizado para outros insetos.

André disse existir a possibilidade de aplicação de inseticidas sim, inclusive, nos seus estudos sobre o assunto, leu sobre ações parecidas em épocas remotas e em outros países, mas há uma série de fatores a serem observados. Citou que há uma outra opção que é o fungo patogênico metarhizium, já usado aqui em Santo Antônio no controle de cigarrinhas de pastagens, que irá parasitar os insetos e levá-los a morte sem causar danos as vegetações, animais e pessoas.

 

Autor: Jéssica Ourique

Fonte: Rádio 89,1 FM

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