Rádio Fronteira Missões - 89,1 FM

O Junho Violeta é uma campanha de prevenção à doença ocular chamada ceratocone, nessa doença, a córnea, parte mais anterior do olho, local transparente que fica sobre a íris, começa a deformar e adquire a forma de cone, vai ficando bicuda, por isso o nome ceratocone, explicou a doutora Márcia Ruaro de Mêneghi, vice-presidente da Sorigs, a associação dos Médicos Oftalmologistas do Rio Grande do Sul, em entrevista à Rádio 89,1FM.

Márcia detalha que, inicialmente, a ceracotone era vista como genética, posteriormente, com os estudos, começou a se observar o número de pacientes que apresentavam a doença e não possuíam genes, então se descobriu a segunda forma da doença, que é a forma adquirida e ela vem justamente do ato de esfregar com regularidade os olhos, e isso acaba sendo muito importante, porque muitas pessoas esfregam os olhos, principalmente, as pessoas alérgicas, que tem rinite. Existe um outro grupo de pacientes que têm um risco aumentado, que são as crianças.

Atualmente a doença se encontra muito mais na população de crianças do que na população de adultos, porque as crianças acabam esfregando os olhos não só porque tem coceiras, mas por outras situações, como por exemplo, quando choram, quando acordam, com isso, é importante que este hábito seja observado pelos pais.

O ato de esfregar os olhos, enfraquece o colágeno da córnea e começa a provocar uma lesão degenerativa que vai evoluindo progressivamente e vai produzindo uma alteração de grau, provocando astigmatismo e uma diminuição da visão, por isso, é importante, que as pessoas vão ao oftalmologista rotineiramente, para que em caso de haver alguma doença possa ser dado o procedimento correto, a realização de exames, uso de óculos, lente, e nos casos mais graves, a necessidade cirúrgica.

A doutora explica que para esta doença existe tanto a cirurgia em que será implantado um anel de acrílico na córnea para tentar diminuir esse bico e outra solução é o transplante de córnea. Ainda é valido ressaltar que um paciente com a doença ou com problemas de visão, deve ser acompanhado no mínimo a cada seis meses.

Quanto ao sintomas, disse que esse é o grande problema nos olhos, que dificilmente se apresenta sintomas, o único sinal que vai produzir é a necessidade de esfregar os olhos ou mais tarde, a diminuição da visão, e nos casos de criança, ela não vai queixar-se, a criança não vai saber dizer se em um olho a visão está melhor que o outro, então a única maneira de perceber é levando ao médico oftalmologista, por isso recomenda-se que a criança seja levada ainda bebê para uma primeira consulta e depois, todos os anos.

Tanto adultos, quanto crianças precisam ir regularmente ao oftalmologista , para que haja um acompanhamento e se a doença vier a surgir, com o diagnóstico precoce facilita no tratamento e restabelecimento da visão.

Ao ser questionada se a utilização de aparelhos eletrônicos poderia causar problemas de visão nas crianças e adultos, Márcia afirmou que sim, pois os eletrônicos emitem raios nocivos para a retina e mesmo hoje já existirem filtros que são colocados em lentes de óculos especiais para impedirem que esse tipo de raio chegue até a retina, os raios também provocam ressecamento da superfície ocular, considerando que ficar na frente de eletrônicos geralmente, a tendência é piscar menos, e com isso, o olho resseca e fica submetido a todas as implicações que a síndrome do olho seco pode provocar, e alguns sintomas apontáveis e podem ser cuidados pelas pessoas são irritação, desconforto, diminuição da visão, sensação de ardência, sensação de corpo estranho e olho vermelho.

A doutora também comentou sobre o hábito de dormir com luzes acesas, evidenciando que se recomenda sempre as pessoas dormirem no escuro porque quanto estamos na claridade algumas glândulas são impedidas de produzir os seus hormônios e isso pode interferir na qualidade do sono.

Márcia destacou que a catarata precisa ser avaliada o início na tentativa de evitar cirurgia, antigamente, a expressão usada era: “É preciso esperar amadurecer para poder tratar” porque o tratamento da catarata era exclusivamente cirúrgico, mas hoje devido a mudança da técnica não se pode esperar ela ficar madura, porque há o risco de complicações.

A dor de cabeça pode ser sinal de várias doenças, desde uma leve desidratação, até doenças gravíssimas, como tumor cerebral, mas muitas doenças que se referem ao grau da visão, se manifesta inicialmente com uma dor de cabeça.

A profissional ainda citou ambliopia, uma doença neurológica que afeta o centro neurológico da visão, exemplificando que a mesma surge especialmente em crianças antes dos 6 anos e esta funciona como se o nosso cérebro tivesse um portal e esse portal tem um tempo para fechar, depois que ele fecha essa parte do cérebro não consegue funcionar adequadamente e aí a visão não vai se desenvolver 100%, apresentando um grau diferente entre um olho e outro e o tratamento dessa doença consiste em fazer a correção em óculos ou um tratamento de oclusão e de reabilitação visual e isso tem que acontecer antes dos 6 anos de idade. Existe também uma doença chamada catarata congênita, e qualquer doença que impeça a luz até o fundo do olho, onde está a retina, ela precisa ser diagnosticada o mais precocemente possível, para que se possa iniciar o tratamento de reabilitação visual, por isso que hoje, os oftalmologistas contam muito com auxílio dos pediatras.

Ponderou que as pessoas que convivem com poeira diariamente devem usar soro fisiológico para lavar os olhos se não tem o soro fisiológico, deve lavar o olho com bastante água para evitar machucar os olhos e vir a ter doenças, assim como, ir ao oftalmologista frequentemente.

Para encerrar a doutora comentou que um problema enfrentado com essa pandemia é que todos os médicos, de todas as especialidades que não estavam na linha de frente de combate a Covid-19, e que não estavam atendendo urgências, acabaram com seus consultórios fechados e muitos pacientes deixaram de ir as consultas rotineiras, e isso gera uma complicação na saúde desses pacientes, e com isso, faz um apelo para a população para não deixar de frequentar o consultório do seu médico.

Autor: Jéssica Ourique

Fonte: Rádio 89,1 FM