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Santo Antônio das Missões poderá decretar situação de emergência em decorrência da falta de chuvas
17/03/2020 15:50
Foto: (Foto: André Luis Taborda)

Na manhã desta terça-feira, dia 17, se reuniram na sala de reunião da Prefeitura Municipal de Santo Antônio das Missões algumas autoridades e lideranças para discutir questões relacionadas a produção agrícola. Participaram da reunião, prefeito Puranci Barcelos, secretário da agricultura Vagner da Silva, engenheiro agrônomo da prefeitura Hugo Leonardo Santa Catarina, integrantes da defesa civil Rosalino Fontella e Luciano Ilha, presidente do Sindicato Rural Luiz Antônio do Prado, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Valdemari Belchor, chefe da Emater André Oliveira, extensionista da Emater Flávio Bonato, representante da Coopatrigo Guilherme Matzenbacker e o presidente da Associação Comercial e Industrial André Luis Taborda.

Após o prefeito recepcionar o grupo, o engenheiro agrônomo da Coopatrigo, Guilherme iniciou falando sobre as perspectivas de colheita da safra de soja no município, bem como, deu ênfase para a produtividade do milho safrinha.

Após, André, engenheiro agrônomo da Emater apresentou os números tanto da área agrícola , quanto da pecuária falando um pouco sobre a perda estimada para o ano 2020 por causa da estiagem. Ele explicou que na linha da agricultura, mais especificamente, na soja foi estimado uma perca de 35 a 40% da produtividade, já na bacia leiteira do município a perda é estimada em 25% e em relação produtividade do boi vivo, a estimativa é de uma perda de 10%.

O presidente Sindicato Rural, Luiz Antônio do Prado, comentou que grande maioria dos animais perde 30 kg a cada 15 dias e que com o prolongamento do período de seca, a situação só piora, assim como, ressaltou que a produção bovina do município está em torno de 125.000 cabeças de gado registrada, mas por um motivo de cria, a tendência é aumentar a entrada de 15 mil cabeças.

O agrônomo Hugo Leonardo fez o levantamento do PIB do município de Santo Antônio das Missões e evidenciou que no último censo o mesmo ficou em torno de 322.000.000,00 anual, e com o levantamento dos números apresentados com relação as perdas para 2020, este caí em torno de 34%, ou seja, o PIB teria uma redução de 109.789.500,00 e isso, para um município de pequeno porte é um valor muito considerável e de extrema importância.

Para detalhar ainda mais o impacto da estiagem nas principais produção, foi elaborado um relatório do levantamento feito que apontam:

SOJA: Atualmente são cultivados 49.000 hectares de soja sequeiro no município, até o momento estimamos que 7% foram colhidas, e referem-se a lavouras de soja precoce em que sofreu com o período sem chuvas que ocorreu no final de dezembro e início de janeiro. Essas lavouras estão tendo rendimento abaixo de esperado (em média 40%) pois as chuvas aqui no município vêm ocorrendo de forma esparsas fazendo com que das lavouras que foram colhidas registrássemos variáveis de 25 a 40sc/ha em relação aos 53sc/ha que tínhamos estimado inicialmente. A maioria da área de soja ainda está em fase de enchimento de grãos, a estes estimamos uma quebra também de 40% até o momento, todavia com forte expectativa da quebra aumentar caso a estiagem perdure. A cultura da soja é a principal atividade agropecuária em nosso município, acreditamos que a quebra na safra irá impactar diretamente na economia do comércio local e endividamento dos agricultores junto às instituições financeiras pois os mesmos terão dificuldade em pagar custeios e investimentos. Estimamos que o município até o momento deixará de colher 62.328 toneladas do grão, ocasionando uma diminuição da receita bruta de R$ 88.298.000,00.

PECUÁRIA DE CORTE: Boa parte da área destinada à exploração pecuária em nosso município está na região do Itaroquém, essa região é caracterizada por ter solos rasos (Neossolo e Plintossolo), o que faz com que tenha urna baixa capacidade de armazenamento de umidade. Como já estamos enfrentando aproximadamente 30 dias sem precipitação, a pastagem natural do bioma pampa está com sua capacidade reduzida de oferta de forragem, resultando em uma quebra mínima de 10% no ganho de peso diário dos animais. A bovinocultura de corte é uma das principais atividades econômicas do município, no momento há um rebanho aproximado de 125.000 cabeças.

MILHO: De acordo com o COMEA (Comissão Municipal de Estatística Agropecuária) a lavoura do milho safrinha sem irrigação em nosso município corresponde à uma área de 150ha. Desde a implantação das lavouras não houve precipitações significativas, fazendo com que seu desenvolvimento vegetativo seja retardado, trazendo consequências produtivas à longo prazo. Estimamos uma quebra de 20% na produção até o momento, porém sem a expectativa de chuvas para os próximos dias a tendência são dos índices se agravarem. A cultura estava com uma previsão inicial de 6000 kg/ha, agora com a quebra de 20% estima-se uma produção de 4800kg/ha, ocasionando um prejuízo de RS126.000,00 resultantes das 180 toneladas de milho que deixarão de ser colhidas em nosso município.

LEITE: Quanto a atividade leiteira, essa também vem sofrendo perdas, pois muitos produtores não fazem silagem, dependendo de pastagens anuais e perenes sem irrigação, como estas pastagens estão findando seu ciclo, abre uma janela de vazio forrageiro. De acordo com os dados de produção no município, podemos afirmar que temos até o momento uma queda de 25% na produção de leite em reação aos meses de janeiro e fevereiro. A bovinocultura de leite em nosso município é uma atividade desenvolvida principalmente pelos pequenos produtores que possuem sua renda advinda quase que integralmente da atividade.

Frente a isso, a Administração Municipal estuda a questão e poderá decretar situação de emergência devido a influência negativa da estiagem e/ou falta de chuvas com relação as principais produções.

 

Fonte: Grupo Fronteira Missões

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