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Profissionais da saúde comentam sobre ações no interior de Santo Antônio das Missões
18/01/2020 09:15
Foto: (Foto: Jéssica Ourique)

Em entrevista ao Grupo Fronteira Missões, o enfermeiro responsável pelo ESF3 Rural, Márcio Souza, a técnica em enfermagem da Unidade Básica de Saúde da Vila São José, Ana Luiza Nunes, e os agentes de saúde, Bruna Maciel, que atende as localidades do Jaguarão, São João Batista e um trecho da BR-285, ainda Everton Ribeiro, que atende o Rincão São Pedro, falaram sobre as atividades da saúde no interior do município.

Inicialmente, Márcio comentou sobre a implementação do ESF3 Rural e a reabertura dos Postos de Saúde de algumas localidades do interior, frisando que essas duas ações auxiliaram muito na organização e qualidade dos atendimentos, porque o interior de Santo Antônio das Missões é muito grande e evidenciou que este retorno positivo recebe diretamente dos pacientes.

Márcio comenta que outro fator positivo e que contribui para a organização foi a autorização do médico dada a ele para transcrever as receitas, ou seja, quando uma pessoa que toma remédio continuo ou controlado chega no posto para pegar receita, antes teria que realizar uma consulta para conseguir a receita, hoje não, ele transcreve a receita do médico e entrega ao paciente. Isso facilita, porque antes, em caso de consultas para pegar a receita, geralmente ficava para depois de todas as demais consultas, e quando era um idoso, isso dificultava. Vale destacar que não é para qualquer receita que tem essa autorização, e sim, algumas específicas, conforme orientado pelo médico.

Sobre as visitas dos agentes de saúde no interior, Márcio detalha que cada agente é responsável por uma micro área, e estes precisam realizar uma visita mensal para cada família e atingir o máximo possível de visitas durante o mês, porque toda visita vai para o E-SUS, e a partir dos dados cadastrados neste sistema é que são destinadas as verbas para o município. Informou que a partir deste ano, a produção será coletiva, ou seja, se um agente não fizer diariamente a sua produção, todos os demais serão influenciados.

Bruna conta que trabalha a quase nove anos como agente de saúde nas localidades e a relação com as famílias é maravilhosa, porque as famílias lhe acolhem muito bem, e essa acolhida a ajuda a desenvolver um bom trabalho, levando informações da Secretaria de Saúde, tirando dúvidas das famílias e quando não sabe responder a algum questionamento, recorre ao Márcio, considerando que mantem bom relacionamento com ele e toda a equipe da secretaria.Ela relatou que o

trabalho é em cima da prevenção e orientando as pessoas para que tenham um cuidado maior com a saúde, assim como atendendo as demandas, como, por exemplo, verificação de agendamentos de consultas, exames, bem como está sempre conversando com as famílias e dando uma palavra de apoio, carinho, auxílio, porque existem famílias que querem compartilhar algum problema, dificuldades, alegrias.

Bruna evidenciou que a sua porcentagem de visitas domiciliares varia de 80 a 85%, pois as residências são longes umas das outras, quando chove, as vezes não consegue realizar a visita, porque trabalha de moto, no entanto, utiliza do WhatsApp e conversa com as pessoas para saber se não estão precisando de algo, ou seja, acaba fazendo um atendimento de forma on-line.

Agradeceu as famílias pela recepção e se colocou à disposição para o que precisar, porque conhecendo a realidade das localidades, compreende que o agente de saúde é um elo entre as comunidades do interior e a Secretaria de Saúde, considerando que, muitas vezes, uma família não tem nem condições financeiras para se deslocar para a cidade, ou as condições de estradas e a rotina de trabalho dificultam.

Everton disse se sentir integrante das famílias, porque é muito bem recebido, e assim desenvolve seu trabalho de prevenção, tendo sempre um atendimento especial para aquelas pessoas com doenças crônicas, com as gestantes e acompanhamento de idosos.

Evidenciou também que tem um vínculo bom com os colegas e os profissionais que atuam na Secretaria de Saúde, o que auxilia a realizar o seu trabalho, porque as vezes precisa pedir ajuda ou alguma informação.

Everton disse que a sua porcentagem de atendimentos é de 90% a 95%, ou seja, atende 412 pessoas em 89 famílias daquela localidade.

Ana Luiza relatou que a volta dos atendimentos no interior beneficia a comunidade, pois conseguem verificar pressão, HGT, curativos, assim como visitas e curativos a domicílio. Destacou que é uma comunidade que necessita de uma atenção maior, considerando que a maioria da população é idosa, são hipertensos ou diabéticos.

Sobre a procura, é grande, porque para se deslocar até a cidade, precisa ter boas condições financeiras, considerando que, como a maioria são idosos, não dirigem mais e acabam precisando pagar alguém para trazê-los ou vir de ônibus, portanto, com a Unidade lá, o primeiro atendimento é feito perto de casa ou até em casa, nos casos mais graves, e precisando vir para um acompanhamento mais especifico, orienta as famílias a virem até à cidade.

Márcio salientou sobre os atendimentos médicos na Unidade de São José, na qual o médico ficou doente e tiveram que parar com os atendimentos, mas acredita que a secretária de saúde está vendo um profissional para retomar às consultas.

Falou também sobre as demais unidades do ESF Rural, em que estão realizando uma pausa porque diminuiu um pouco da demanda e têm as questões de férias, então, ficar na cidade estava sendo mais proveitoso, no entanto, a partir de março, volta o atendimento no interior com um novo cronograma que será divulgado posteriormente.

Para 2020, Márcio explicou que um dos objetivos é criar grupos de hiperdia, para hipertensos e diabéticos, e estarão conversando e criando um cronograma para auxiliar e melhorar a qualidade de vida destas pessoas. Outra ação é voltada às doenças transmissíveis, realização de testes rápidos, HIV, sífilis, uso de preservativos. Ainda, durante o ano, a ideia é levar palestras e discutir temas que as comunidades desejarem.

Márcio ainda pediu atenção à população, seja da cidade ou interior, quando vierem realizar uma consulta eletiva, uma consulta de emergência, ou uma consulta de urgência, pois quando há emergências, a pessoa será passada na frente, ou seja, terá prioridade de atendimento.

Nem sempre é fácil diferenciar o que são atendimentos de urgência, emergência e o que são procedimentos eletivos. Para facilitar o entendimento, veja a seguir as definições de cada um: Emergência: Casos em que há ameaça iminente à vida, sofrimento intenso ou risco de lesão permanente, havendo necessidade de tratamento médico imediato; Urgência: Situação que requer assistência rápida, no menor tempo possível, a fim de evitar complicações e sofrimento; Consulta eletiva:

Procedimentos médicos que são programados, ou seja, mostrar exame, falar sobre sua doença ou buscar novos medicamentos e tratamento.

Márcio também destacou que as pessoas que desejam uma consulta precisam passar primeiramente no seu ESF, e não ir diretamente no Pronto Atendimento, pois caso isso aconteça, serão orientados a voltar no ESF a qual pertencem.

 

Autor: Jéssica Ourique

Fonte: Grupo Fronteira Missões

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