Agronegócio
Situação da safra de milho em Santo Antônio das Missões e na região Noroeste
09/12/2025 15:37

 

Em entrevista ao programa Conversa Aberta da Rádio Fronteira Missões, Flavio Bonato trouxe uma avaliação realista da atual safra de milho no município de Santo Antônio das Missões — e demonstrou que, mesmo com chuvas aparentemente suficientes, o problema pode estar no manejo do solo e nas condições de cultivo.

 Chuva acumulada não é sinônimo de lavoura saudável

  • A região costuma registrar médias históricas de chuva que variam entre 1.700 e 1.800 mm por ano. Segundo Bonato, esse volume deixa claro que “a cultura não é problema nem o tempo” — ou seja, nem clima, nem chuva, deveriam ser limitantes.

  • No período de 10 de agosto até hoje, o município acumulou cerca de 793 mm. Para o ciclo da cultura de milho, esse volume seria mais do que suficiente: teoricamente bem acima dos cerca de 500 mm que se consideram satisfatórios. Mesmo assim, muitas lavouras não estão respondendo como esperado.

 Área plantada segue crescendo — mas produtividade preocupa

  • Em Santo Antônio das Missões, a área plantada de milho subiu de 9.000 hectares no ano anterior para 11.700 hectares na atual safra — um aumento considerável. Isso demonstra confiança dos produtores, mas também acentua a pressão por resultados.

  • Já a nível estadual e regional, dados da Emater/RS-Ascar apontam que o cultivo de milho no Rio Grande do Sul deve atingir 785.030 hectares na safra 2025/2026, com produtividade média estimada em 7.376 kg/ha

  • Na região Noroeste (onde se insere Santo Antônio e municípios vizinhos), há reports de grande variabilidade de produtividade: lavouras com rendimento entre 1.700 e 5.400 kg/ha, dependendo da época de plantio e das condições de solo e chuva. 

  • Em áreas onde o plantio foi feito dentro do zoneamento ideal — antes do fim de setembro — as produções têm se mostrado mais estáveis, com rendimentos entre 4.500 e 5.400 kg/ha

Por que a chuva não está “resolvendo”? O solo pode ser o culpado

Segundo Flavio Bonato, há fortes indícios de que as falhas nas lavouras estão sendo causadas por problemas de solo e manejo:

  • Solo compactado — mesmo com chuva, a água não penetra adequadamente no solo, reduzindo a disponibilidade para as plantas.

  • Acidez elevada — o solo ácido dificulta a absorção de nutrientes pela planta, mesmo quando adubação é feita corretamente.

  • Época ou forma de plantio inadequadas — atrasos ou plantios fora da janela ideal prejudicam o desenvolvimento das lavouras, especialmente se há períodos secos no decorrer do ciclo.

  • Armazenagem de água no solo deficiente — sem práticas conservacionistas (rotação de culturas, plantio direto, etc.), a retenção de umidade no solo diminui, deixando o milho vulnerável a secas curtas mesmo em anos de boa chuva acumulada.

O que os dados gerais da região sugerem

  • A média de produtividade estimada para o RS (~ 7.300-7.400 kg/ha) é bem superior aos extremos mínimos observados no Noroeste (1.700 kg/ha), mostrando que há espaço técnico para recuperar a remuneração da cultura — desde que o manejo melhore. agricultura.rs.gov.br+2Portal do Estado do Rio Grande do Sul+2

  • Quando o milho é plantado cedo (zona de plantio ideal), o rendimento tende a ser mais alto e menos sujeito a perdas por estiagem — reforçando a importância de planejamento e práticas agronômicas adequadas. Portal do Estado do Rio Grande do Sul+1

  • Apesar do aumento da área plantada, a heterogeneidade na produção aponta que o grande gargalo atual não é espaço — mas técnica, solo e manejo de água e nutrientes.

O chamado de Emater: necessidade de assistência técnica e aproximação com a pesquisa

Flavio Bonato reforça que é urgente retomar o contato mais próximo entre produtores e instituições de pesquisa e extensão (como a Emater/RS-Ascar e a Embrapa). Apenas com orientação adequada de manejo do solo — correção da acidez, práticas de conservação, adubação balanceada, rotação de culturas, plantio no tempo certo — será possível transformar a boa chuva da região em produtividade real.

Autor: Vinícius Sallet

Fonte: Rádio Fronteira Missões

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