Olga Robalo
O que parecia ser, mas não era – autoconhecimento 3
07/12/2021 10:26
Foto: DIVULGAÇÃO

No banheiro que uso, no box do chuveiro, há algum tempo costuma ter um tapete para eu pisar durante o banho, e desculpem-me a mediocridade, mas quando o sabonete está pequeno, o jogo ali para usar enquanto esfrego os pés (!!!! Sim, faço isso).

Num dia desses observei que enquanto eu esfregava os pés não surgia nenhuma espuma. Olhei com uma atenção redobrada e me surpreendi com a constatação de que havia um buraco no tapete, e não um pedaço de sabonete para que eu o aproveitasse até seu último vestígio. Justifica-se a confusão porque, casualmente, o piso do banheiro é da mesma cor dos sabonetes comumente usados.

Parei.

Pasmei.

Como não percebi antes?

Há quanto tempo vejo o buraco no tapete como se fosse o sabonete em sua derradeira e final utilidade?

E por quantos dias deixei de exercitar a presença nesse ato tão comum de nosso cotidiano e não percebi que nem meus pés tinham a atenção devida?

Então, volto-me para reflexões onde constato as inúmeras vezes em que tiramos conclusões precipitadas sobre o que os outros pensam, fazem ou sentem em relação a nós ou ainda, sobre as máscaras que usamos para evitar encarar nossas verdades...

A correria do dia a dia, a realização de atividades corriqueiras no automático faz com que nos robotizemos e deixemos de perceber a verdadeira essência de todos e tudo o que nos rodeia.

E assim não nos olhamos, não olhamos a quem amamos, não nos regalamos com as coisas simples e não desfrutamos das pequenas delícias do cotidiano.

Perceber o quanto é fácil nos perder de nós mesmos nos chama a sermos mais conscientes de tudo o que queremos, das pessoas que amamos, das metas que traçamos e nos permite fazermos escolhas inequívocas para que nossa vida seja, verdadeiramente, plena.

Lembremo-nos sempre: *“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”.

*Livro: O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupèré.

Santo Ângelo, dezembro de 2021 – segundo ano, pandemia em declínio.

Autor: Olga Robalo

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