O campeão mundial de judô, Daniel Cargnin, concedeu uma entrevista exclusiva ao programa Conversa Aberta da Rádio Fronteira Missões 105.1 FM, na manhã desta quinta feira (4), onde compartilhou detalhes emocionantes de sua trajetória, das dificuldades enfrentadas e das escolhas que moldaram sua carreira.
Daniel começou no judô ainda na infância, por volta dos seis para sete anos, inicialmente apenas como uma atividade esportiva influenciada pela família. Naquela época, sua paixão era o futebol e ele jamais imaginou seguir a vida como atleta profissional. Porém, o tatame acabou transformando seu pensamento e despertando um senso de responsabilidade que o acompanharia para sempre. Daniel afirmou que o esporte auxilia muito no direcionamento das pessoas, formando cidadãos resilientes e com um caráter ainda mais forte.
Com apenas 13 anos, passou a receber sua primeira bolsa atleta. Foi nesse momento que percebeu que o esporte poderia se tornar sua profissão.
Ao longo da juventude, precisou escolher entre futebol e judô. Optou pelo judô porque ali se sentia mais acolhido.
Indagado sobre a remuneração do esporte em comparação aos jogadores de futebol, Daniel afirma que não considera que os jogadores de futebol ganham demais — para ele, todos os atletas deveriam receber salários equivalentes, dada a dedicação e o impacto do esporte na vida de quem se dedica.
Sua ascensão se intensificou quando entrou para a Sogipa, convivendo com atletas vencedores e absorvendo a mentalidade dos campeões. Aos poucos, foi subindo de categoria e somando experiência até alcançar a Olimpíada.
A carreira no judô sempre exigiu muito fisicamente. O atleta relatou que, por lutar com adversários muitas vezes mais altos, as marcas não ficam só nas conquistas e medalhas recebidas, mas também no corpo.
Neste ano, Cargnin voltou a competir livre dos problemas físicos que o prejudicaram no ciclo para os Jogos Olímpicos de Paris, onde caiu logo na primeira luta e depois foi bronze na disputa por equipes.
Em outubro de 2023, ele fraturou a fíbula do tornozelo esquerdo na semifinal dos Jogos Pan-Americanos de Santiago. Após as Olimpíadas, ele fez uma cirurgia no ombro esquerdo e também retirou uma placa que havia sido colocada em seu tornozelo.
Ele relata que após isso pensou em abandonar o esporte. Foram dias difíceis, de questionamentos e incertezas. Mas se reergueu e segundo ele, compreendeu que ama estar no tatame e que não precisa de reconhecimento externo, apenas do próprio compromisso consigo mesmo.
“Sempre prometi dar o meu melhor, nunca apenas por medalhas, acho que nós acabamos criando expectativas além das nossas, pensando nas que os outros tem em nós mesmos e isso gera mais pressão. Então coloquei uma meta para mim agora, que é não perder a confiança, independentemente de ganhar ou perder. Isso é o mais importante”, destacou.
A temporada 2025 foi de 20 lutas, com 16 vitórias e quatro derrotas no Circuito Internacional e as medalhas de ouro no Grand Prix de Lima, prata no Mundial e no Campeonato Pan-Americano e da Oceania e o bronze no Grand Slam de Abu Dhabi.
Ele reforça que, cada vez que sai de casa para competir, se lembra do amor pela família e da importância de valorizar o tempo longe de quem ama para que ele esteja focado no esporte, entregando sempre o seu melhor.
O judoca pautou sobre a essência do esporte:
“No tatame, a gente é o que é fora dele. A vida exige força, e o tatame revela quem tem ou não.”
Daniel destacou que sua trajetória nunca foi meteórica — foi construída passo a passo, com muito esforço, paciência e autoconfiança.
Hoje, prestes a completar 28 anos em dezembro, o atleta sabe que o tempo é um fator importante: muitos judocas competem até cerca dos 35 anos de idade. Por isso, reforça que está focado no presente:
“Vou focar no que posso fazer agora, e não nas preocupações do futuro.”
Com maturidade e determinação, ele garante que seguirá fazendo seu máximo enquanto estiver nos tatames. Para Cargnin, quando alguém realmente deseja algo, o olhar já mostra o caminho e ele segue com o dele firme na direção de novos desafios.
Em muitos momentos das falas dele durante a entrevista, foi destaque a importância de um atleta ter um psicológico muito equilibrado, pois não basta ter disciplina e talento, precisa se ter uma mentalidade positiva e um senso de observação alto em cada competição.
Esta semana Daniel está em férias em Santo Antônio das Missões, visitando seu pai Alécio Cargnin.
Semana que vem ele segue para
o Rio de Janeiro para receber o prêmio “Brasil Olímpico” onde serão reconhecidos os melhores atletas do ano em cada modalidade, Daniel receberá o prêmio na categoria do judô.